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Nós vimos A Freira 2

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Mesmo acomodada no genérico, a sequência tem a proeza de fazer bom uso de clichês.


Crítica de Lucas Rigaud

Imagem: IMDb/reprodução


Ambientado na década de 1950, A Freira 2 (The Nun II) mostra que, após a misteriosa morte de um padre francês, uma força maligna está renascendo. Para deter esse mal, Irmã Irene (Taissa Farmiga) fica, mais uma vez, face a face com o demônio.


Há 10 anos, a grande investida da Warner Bros./New Line Cinema de abordar um dos casos de assombração e possessão demoníaca envolvendo o casal Ed e Lorraine Warren, vividos por Patrick Wilson e Vera Farmiga em Invocação do Mal, gerou uma surpreendente receptividade do público, que lutou as salas de cinema para desfrutar de uma história que mesclava, com boas dosagens, drama, terror e suspense. Assim surgiu a franquia “Invocação do Mal”, uma das mais rentáveis do terror moderno e um verdadeiro símbolo do gênero no cinema do século XXI, que já nos presenteou com obras louváveis, como os dois primeiros filmes que deram origem a essa série (2013 e 2016) e Annabelle 2: A Criação do Mal (2017), assim como produções sofríveis, como exemplo A Maldição da Chorona (2019) e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021). Lançado em 2018, A Freira foi uma grande promessa da saga em explorar a estranha criatura apresentada em Invocação do Mal 2, entregando, por outro lado, mais uma aventura com toques de terror do que uma narrativa empolgante que contasse a origem do tal demônio.


Partindo da opção do primeiro filme de não focar em uma história que envolvesse começos, A Freira 2 também se enquadra como um longa que apresenta elementos do gênero terror, usados, em sua maioria, como artifícios para sustos momentâneos e sempre acompanhados de velhos clichês do gênero, sendo que, o que aqui prevalece, é o mistério acompanhado de aventura. Longe de ser uma produção louvável do universo criado por James Wan, assim como seu antecessor, A Freira 2, por outro lado, ostenta mais entretenimento na sua narrativa e até nos recursos visuais diferenciados, como efeitos práticos que chamam a atenção pela engenhosidade, exímios trabalhos de maquiagem, direção de arte e pelo uso modesto e bem equilibrado de CGI.



Imagem: Warner Bros. Pictures/Reprodução


O roteiro assinado por Ian Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper não tem a pretensão de ousar, ou, a partir dos eventos do primeiro filme, criar uma trama com mais desenvolvimento ou reviravoltas, se acomodando em uma mera caça ao tesouro, seguida de matanças e descobertas repentinas. Fraco em apresentar novidades para si e para o universo Invocação do Mal, o argumento de A Freira 2, por outro lado, a medida que se desenvolve, consegue utilizar seus próprios estereótipos para instigar o público já acostumado com os clichês do gênero e, assim, transformar água suja em vinho para os seus fiéis entusiastas.

Michael Chaves, diretor do longa, se mostrou mais eficiente em desenvolver aqui um terror de repetições, mas fiel à sua premissa, do que em Invocação do Mal 3 ou A Maldição da Chorona, filmes estes que tentaram inovar, mas falharam em todos os aspectos. A Freira 2, apesar de falho na história, respeita seus princípios entrega um terror despretensioso e divertido.


Retornam ao elenco a ótima Taissa Farmiga, como Irmã Irene, Jonas Bloquet, como Maurice “Francês” e Bonnie Aarons, sempre muito bem caracterizada como a Freira demoníaca. As novidades são a jovem e promissora atriz Storm Reid (The Last of Us) e Anna Popplewell (As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa). Há um verdadeiro meio termo quanto ao desenvolvimento dos personagens, pois, apesar de carismáticos, é inegável a tamanha falta de inteligência e atitudes impulsivas e repentinas de alguns.

Fraco na escrita e escorregadio na direção, A Freira 2, porém, utiliza suas falhas e clichês para, mesmo assim, agradar com o que é capaz de oferecer. É possível notar na produção o desejo de entregar um terror leve, com sustos previsíveis e, se você deixar de lado a intenção de conferir uma obra criativa ou até mesmo inovadora do gênero terror e abraçar o desejo de se divertir com um filme sem grandes intenções, o entretenimento será garantido.

 
 
 

1 Comment


filipeartesvisuais
Sep 15, 2023

É exatamente isso. Pra ver no cinema sem expectativas e se deixar levar por uma aventura/terror nem sempre assustadora, mas que tem seus méritos dentro do gênero.

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