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Nós vimos "Toc Toc Toc"

recifeassombrado6

Roteiro desordenado não faz jus a interessante premissa que acena para o alternativo.


Crítica de Lucas Rigaud


Que segredos obscuros sua família esconde? Em Toc Toc Toc – Ecos do Além (Cobweb), um menino de 8 anos descobre que um misterioso barulho que o atormenta durante a noite tem possíveis e misteriosas ligações com seus parentes.


A reinvenção do gênero terror vem inegavelmente acontecendo de maneira gradativa, por vezes discreta ou até beirando a timidez. No ano de 2022, fãs do gênero e amantes da sétima arte se surpreenderam positivamente com a quantidade, e qualidade, de produções que investiram arduamente na inventividade. Filmes como “X – A Marca da Norte”, “Pearl”, “Não, Não Olhe!”, “Noites Brutais”, entre outros, se consagraram como exemplares da reinvenção do gênero, amalgamando terror ao horror e o sobrenatural a aos medos reais. O medo real, que tende a acenar para desafios enfrentados por seus personagens, se faz presente em Toca Toc Toc – Ecos do Além, longa que, até a primeira vista, se parece descompromissado devido ao pífio trabalho de roteiro, mas que, com o tempo, torna-se perceptível o nobre interesse da produção em gerar algo assustadoramente criativo, tomando cuidados para não se apoiar em velhos clichês, mesmo falhando em alguns momentos.


É inquestionável a fragilidade do roteiro de Toc Toc Toc – Ecos do Além, assinado por Chris Thomas Devlin (O Massacre da Serra-Elétrica: O Retorno de Leatherface) ora é inócua na trama, que se desenvolve a partir de uma boa premissa, ora acaba por transformar uma produção com um potencial considerável em algo que beira o amadorismo quanto a sua narrativa. Bons momentos da escrita, quase ofuscados pela inabilidade de se desenvolver uma boa história, como o questionamento sobre o que realmente está acontecendo em tela ou quem é o verdadeiro vilão daquela situação, são salvos pela direção de Samuel Bodin (Marianne), que mostra competência e habilidade em conduzir um terror sem sustos convencionais, apostando no suspense, no ambiente claustrofóbico familiar obsessor e no medo. Há minuciosos movimentos de câmera e sutilezas na direção de fotografia que facilitam a imersão do público no ambiente bizarro proposto pelo filme.


Bodin também não decepciona na direção do elenco principal do filme, atribuindo todo mistério e estranhice necessárias para compor as personagens dos pais, Carol e Mark, interpretados respectivamente pelos ótimos Lizzy Caplan (Cloverfield: Monstro) e Antony Starr (The Boys). O jovem ator Woody Norman, que interpreta o protagonista Peter, também se destaca, demonstrando toda a inocência e medo que o personagem necessita.


Ostentando uma boa premissa, personagens interessantes e um genuíno tom, mais puxado para o alternativo, para filmes de terror, Toc Toc Toc – Ecos do Além peca no seu roteiro simplório e desordenado, além de ter sofrido com uma estratégia de marketing falha, ao divulgar um dos grandes mistérios do filme no seu pôster principal.


Assustador na medida certa, apesar da precária escrita, Toc Toc Toc – Ecos do Além se sobressai devido a direção inspirada e esforçada para entregar um material que procura fugir dos padrões.


 
 
 

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