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Praça Chora Menino

Foto do escritor: O Recife AssombradoO Recife Assombrado

Vítimas de um massacre assombram o lugar no centro do Recife.

Atriz Ingrid Laísa representa um fantasma da Chora Menino durante um city tour assombrado no Recife


A Praça Chora Menino fica no bairro da Boa Vista, uma das áreas mais movimentadas da capital pernambucana. Próxima ao Colégio Salesiano, à Praça do Derby e às ruas do Progresso e das Ninfas, é hoje uma simples confluência de vias, espaço atravessado às pressas por gente desatenta, preocupada em chegar rápido ao seu destino. Poucos devem se perguntar por que o logradouro tem esse nome – que pode até soar poético. Menos pessoas ainda imaginam que o local foi cenário de uma tragédia e tem fama de mal assombrado.


Para entender esse caso é preciso voltar no tempo, conhecer um dos episódios mais sangrentos da história da cidade. Em meados do século XIX, o Recife enfrentou uma revolta violenta de uma tropa insubordinada que ficou conhecida como “Setembrizada”. Especialistas contam que o motim dos soldados foi provocado pelo extremo rigor na disciplina militar (que previa castigos físico às falta cometidas pelos praças) e até atraso nos pagamentos, entre outros motivos. O conflito irrompeu nos dias 14, 15 e 16 de setembro do ano de 1831.


Soldados e civis a ela associados saquearam a cidade, cometendo todo tipo de atrocidades e assassinando centenas de moradores, entre eles muitas crianças. O historiador Pereira da Costa dá um número de pelo menos 300 mortos nesses conflitos. As ruas ficaram repletas de corpos, e muitos teriam sido enterrados num local ermo, as terras do velho Sítio do Mondego, onde hoje fica a praça Chora Menino.


E esse nome vem de relatos que começaram a circular tempos depois da Setembrizada: dizia-se que quem passasse altas horas da noite perto da praça ouvia sempre choro de menino. Certamente tentou-se dar explicações “científicas” para o fato, de brincadeiras de estudantes a um tipo de sapo cujo coaxar seria semelhante ao choro de uma criança.


Mas quem ouviu o estranho lamento nega-se a aceitar tais teorias tão pouco consistentes: o pranto fantasmagórico, por certo, não tem semelhança com sons emitidos pelos viventes. É há quem diga que mesmo nos dias de hoje, se prestarmos bem atenção, vamos escutar os soluços e choramingos daquelas pequenas vítimas de um massacre provocado pela intransigência dos adultos.


Contado por Roberto Beltrão

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