Testemunho da leitora Thamiris! Em 1990, minha mãe tinha seus 17 anos e meu pai, 21. Os dois nasceram na Paraíba, mas se conheceram no Rio de Janeiro, onde eu nasci. Ela apenas nasceu na Paraíba e foi levada para o Rio com seis meses de vida, e ele foi pra lá buscar por uma vida melhor aos 18 anos. Estavam namorando há dois anos, e já estavam com casamento marcado e tudo, mas como todo jovem casal brigavam por coisinhas bobas, coisas da juventude. Mas estão juntos faz cerca de 30 anos. Minha mãe conta que em um dia de verão muito quente, pois no Rio de Janeiro é comum que chegue a quarenta graus, eles brigaram por outra bobeirinha. Ela mandou ele embora, e ele, orgulhoso, nem olhou pra trás. Depois de quase uma hora, ela ouviu uns passos debaixo da janela, então foi ver – acreditava que era meu pai voltando pra fazerem as pazes. Mas o que ela viu foi uma cena muito curiosa e bizarra. De longe ela viu chegando uma procissão, mas era diferente de todas as procissões que havia presenciado. Nessa procissão as pessoas estavam encapuzadas. Todo mundo de branco com aqueles capuzes, e um cheiro bem forte de incenso no ar. Aquilo era bizarro demais porque era verão, um calor absurdo! Uma das pessoas chamou bastante atenção dela, era um anão. Ele mancava muito como se carregasse um grande peso, mas ela não estranhou porque acreditou que fosse por conta dos ossos curtos dele. O anão também usava o capuz e segurava uma vela. Ela gritou, perguntou o que estava acontecendo, mas o anão a ignorou. Então mamãe chamou uma outra pessoa, um homem magro e muito alto. Era o único sem o tal capuz, mas ele também não respondeu. Mamãe insistiu tanto, que uma hora o homem alto parou e se virou, e aí ela quase desmaiou. Ele não tinha olhos, nem nariz, nem boca. Era um rosto completamente vazio! Bastante assustada, saiu correndo e foi chorar no quarto. Meu avô foi perguntar o que aconteceu, ela contou. Vovô a acalmou dizendo que devia ser coisa da cabeça dela. Para garantir que tava tudo bem, ele foi verificar – não viu nada, mas assim que chegou na janela se arrepiou todo e sentiu um calafrio. Ele disse que tinha uma energia muito pesada, muito forte. Então fecharam a janela e ele alertou pra ela não olhar mais pra rua. Acenderam uma vela e fizeram uma oração. No dia seguinte os irmãos mais novos estavam chamando minha mãe de louca e deram um nome pra aparição: “cara de papel”. Um pai de santo de um terreiro próximo ouviu a história e foi conversar com minha mãe. Ele disse que essa procissão sempre acontece. Que existem muitas almas que vagam pelas ruas. Atordoados, chorando, tentando pagar os pecados de alguma forma. Minha mãe deve ter visto porque morava de frente pra uma encruzilhada, onde muita coisa acontece e fica toda a energia. Então ela rezou por todos eles, e faz isso até hoje…
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