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Assistimos "Mergulho Noturno"

Foto do escritor: Lucas RigaudLucas Rigaud

Atualizado: 20 de jan. de 2024

Baseado em curta-metragem homônimo de 2014, terror não atinge profundidade e parece ter medo de nadar


Em Mergulho Noturno (Night Swim), baseado no curta-metragem homônimo de 2014, acompanhamos Ray Waller (Wyatt Russell), um ex-jogador de baseball que sofre uma doença degenerativa, que se muda para uma nova casa com sua família. Ray, então, descobre que o imóvel conta com uma piscina de águas naturais, que começa a desenvolver fatores fisioterápicos para sua condição. Porém, um segredo sombrio que envolve a casa e piscina vai fazer a família mergulhar em um verdadeiro pesadelo.


Os amantes do gênero terror já devem estar carecas de saber, mas, quem há pouco tempo caiu de cabeça nesse consagrado gênero cinematográfico deve ficar surpreso ao se deparar com a quantidade de produções independentes, e até de estúdios em ascensão (como é o caso da ALTER) no formato curta-metragem, sendo algumas delas dotadas de uma gratificante qualidade narrativa e técnica, chegando a convencer mais como uma genuína produção de horror/terror do que longas produzidos simplesmente para agradar a indústria que almeja, na maioria das vezes, extrair o última gota de vitalidade de uma boa história para transformá-la em uma cansativa franquia. Mergulho Norturno, curta que, há 10 anos, chamou bastante a atenção da internet pela sua inventividade e simplicidade, chega no formato de longa-metragem e, infelizmente, participa dessa leva de produções genéricas que nada oferecem além de ser mais uma opção nos catálogos.


Imagem: Universal Pictures

A simples, porém funcional, ideia do curta-metragem concebida por Rod Blackhurst e Bryce McGuire é incrementada com toques de drama familiar, mais suspense, um leve terror gráfico inserido de maneira vergonhosa e referências a lendas urbanas. Existe em Mergulho Norturno uma incontrolável ânsia de querer oferecer mais a qualquer custo, tornando o roteiro de Blackhurst e McGuire um aglomerado de informações mal resolvidas e desculpas esfarrapadas para fazer o terror acontecer. Recorrer a fatores típicos, como pesadelos, possessões e até, pasmem, brincar com a falta de inteligência dos personagens, prova a escassez de conteúdo e inventividade do projeto, que, como já insistimos em destacar, almeja desesperadamente se tornar mais uma franquia. Até a inclusão repentina de um terror gráfico que caminha numa linha tênue entre o cômico e o ridículo é reciclada, sem disfarçar o quão genérico se apresenta para o público.


O problema disso tudo é que o longa, de fato, conta,com características recorrentes desse terror de algoritmo, o que pode cair nas graças de um público despreocupado em consumir um bom conteúdo além de uma mera diversão. Sejamos sinceros, há momentos no filme que entretém, assim como arrancam boas risadas devido a infame falta de senso em cenas, como a brincadeira de marco/polo dentro da piscina, sequência esta que devia causar tensão, mas acaba sendo um momento comicamente constrangedor. Risadas a parte e brincadeiras a parte, vale destacar que há sequências gravadas debaixo d’água bem filmadas e construídas, onde a fotografia subaquática de Charlie Sarroff (Sorria) se sobressai com uma boa iluminação noturna e tons de ciano, além de enquadramentos inteligentes que permitem explorar a piscina, o verdadeiro personagem principal do longa, de vários ângulos.


Imagem: Universal Pictures

Porém, de que adianta ter uma boa fotografia se nada mais é possível se aproveitar ou admirar, em Mergulho Noturno? Falha e sem qualquer pretensão de entregar um resultado que fuja da zona de conforto de quem deseja simplesmente lucrar (se é que a bilheteria do filme vá de fato surpreender), a direção de Bryce McGuire também não acerta em relação à condução do elenco. Wyatt Russell e Kerry Condon provam excelência em tudo que fazem, mesmo que o roteiro não contribua para com seus personagens, o que acaba sendo um verdadeiro desperdício de escalação.


É visível um estranho medo que Mergulho Noturno apresenta de nadar e morrer na praia, deixando-se simplesmente afundar no básico e, ainda por cima, no raso.



Nota: ⭐1/2



Por: Lucas Rigaud


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