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  • Foto do escritorO Recife Assombrado

O Gigantesco Pai da Mata

A criatura impiedosa vive nas brenhas da Zona da Mata de Pernambuco

Imagine estar passeado numa calma trilha ecológica – programa de fim de semana tão comum hoje em dia – e de repente ouvir terríveis urros… E depois ainda ver a copa das árvores serem balançadas como se os troncos fossem empurrados por uma força sobrenatural! Pois é assim que manifesta a misteriosa entidade conhecida com “Pai da Mata”.


Os mais antigos contam sobre esse gigante peludo, tão forte e alto que seria capaz de agitar as árvores mais grossas e velhas. Anda sobre duas pernas como o ser humano, mas possui garras pontudas e presas afiadas que saem de uma boca imensa. Parece ter algum parentesco com o “Pé-Grande”, visto nas florestas dos Estados Unidos ou o “Abominável Homem das Neves”, que habitaria o monte Himalaia, no Nepal.


Dizem que tal criatura vive escondida, longe das vistas dos civilizados, onde o matagal é mais sombrio, onde quase não chegam os raios do sol. Quando anda pelo seu reino de brenhas, o Pai da Mata costuma soltar gritos estrondosos e gargalhadas horripilantes.

E os seus “súditos” são caititus e queixadas – espécies de porcos selvagens que, de acordo com o antigo mito, gostam de acompanham o enorme monstro do mesmo jeito que os cachorros de estimação seguem as pessoas.


Pelo que se sabe, a lenda vem da Zona da Mata Sul de Pernambuco. O escritor e folclorista Jayme Griz registrou no livro “O Cara de Fogo” (publicado em 1969) que nas terras do município de Maraial existiu um antigo engenho chamado “Gigante”. E esse nome, segundo Griz, teve origem no fato dos moradores das redondezas testemunharem com muita frequência a agitação medonha do Pai da Mata.

A criatura assombra as floresta mais fechadas de Pernambuco


Não é difícil concluir que o monstro tem muita raiva dos caçadores, principalmente daqueles que insistem em atirar nos poucos caititus e queixadas que ainda vivem em nossas matas. Há quem diga que a carne desses bichos selvagens é muito saborosa e por isso são cobiçados. Mas a entidade da floresta aplica vários castigos a esses caçadores sem consciência.


Primeiro os deixa apavorados com seus medonhos roncos e rugidos. Depois balança vigorosamente as árvores para que os sujeitos corram apavorados. Os que não conseguem escapar recebem a maior punição: desamparem para sempre. Isso porque, conforme os relatos populares, seriam devorados inteiros, com uma só mordida, pelo impiedoso Pai da Mata.


Contado por Roberto Beltrão

Ilustração: André Soares Monteiro, artista plástico idealizador do Movimento Catamisto (Catar e Misturar o lixo para transformar em arte)

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